22/06/2011 Saúde

Fabiana Karla conta tudo sobre sua cirurgia de redução de intestino

Matéria gentilmente extraída do UOL

De dezembro do ano passado para cá, a humorista Fabiana Karla, de 35 anos, pulou do manequim 54 para o 48. A mudança na silhueta deveu-se à técnica Lazzarotto e Souza, cirurgia em que é colocado um anel no intestino do paciente. “Resolvi fazer a cirurgia pela minha saúde mesmo. Porque estava me sentindo ofegante, meus joelhos já estavam mal, sobrecarregados. Estava me sentindo cansada quando subia escada. E sou uma pessoa muito ativa”, contou Fabiana ao UOL antes de entrar na academia que frequenta na Barra da Tijuca, na zona oeste carioca.

Na última segunda (20), o UOL acompanhou com exclusividade a rotina de exercícios da comediante. Fabiana chegou ao local vestida com roupa de ginástica feita sob medida por sua costureira. “Vim de maiozinho por baixo porque adoro fazer a hidro[ginástica]. Além de me relaxar muito, funciona também como uma drenagem”, afirmou ela, que não abre mão das aulas de musculação com o personal Sandro Oliveira. “Nunca pensei na minha vida que ia amar fazer abdominal”, brincou, reafirmando que fez a cirurgia visando seu bem estar. “Eu nunca fiz apologia à gordura, mas às diferenças. De certa forma, fiquei estigmatizada como uma pessoa que se aceita super bem. E isso choca um pouco as pessoas. Digo até hoje que não saí do meu corpo, continuo aqui: ‘alô, oi! Eu continuo aqui, gente! É a mesma pessoa”, brincou.

A comediante admitiu que antes da cirurgia –que a fez passar dos 113kg para os 95kg – não frequentava a academia com tanta assiduidade. “Não gosto de suar muito, me incomoda. Mas o tempo está super ajudando e aqui é tudo climatizado, você acaba vindo numa boa. Estou aqui com minha garrafinha tomando água. Lá atrás também tem o vôlei, que sempre fazia e adoro. Porque tem que me enganar para eu malhar”, contou a atriz, que ainda faz boxe. “Fazia boxe e adorava. Mas dá um chulé de mão que me incomoda profundamente. Tenho meus nojinhos. Me dá mau humor”, contou, às gargalhadas.

Para não cair na tentação de faltar às aulas, Fabiana disse que tem contado com a ajuda do namorado, o uruguaio Bruno Muniz, de 28 anos. “Ele vem comigo e me estimula muito. Quando estou viajando ele vem só. E quando viajo, desisto de fazer exercício. Não dá para sair pelo hotel com short furado porque a gente é artista. Aí dá preguiça”, confessou, aos risos. Leia a entrevista completa a seguir:

UOL – Em dezembro do ano passado, você colocou um anel no intestino e, desde então, já emagreceu 20 quilos. Como funciona este procedimento?
Fabiana Karla –
O povo quer saber do meu anel. Eu fiz a técnica Lazzarotto e Souza. Eu sempre digo que seria leviana se fosse falar em termos técnicos. Acho muito mais legal que as pessoas vejam o site do médico (http://www.obesidadeemfoco.com.br/obesidade), porque elas veem ilustrado direitinho. Porque não falaria em termos médicos, seria uma pessoa equivocada, porque não tenho embasamento para isso. Mas, falando de modo simples, é como se fizéssemos um desvio no intestino sem nenhuma incisão, apenas com um anel onde ele faz com que os alimentos sejam menos absorvidos e sejam desprezados mais rápido. Por isso que você não engorda. Mas você não vira um pato. Eu sempre deixo isso muito claro. Era o meu medo. Porque senão ninguém conseguiria viver. Eu sou uma mulher que viaja bastante, passo o dia inteiro dentro do estúdio, então seria inviável. E é desconfortável, né? Só que mesmo assim valeria a pena. Eu gostaria (risos). Mas estou tão feliz com o anel que não tenho do que reclamar. Pelo contrário. A minha saúde está garantida e eu como de tudo o que eu quero. Só tenho que tomar água.

UOL – Mas por que você resolveu fazer a cirurgia?
Fabiana Karla –
Resolvi fazer pela minha saúde mesmo. Porque estava me sentindo ofegante, meus joelhos já estavam mal, sobrecarregados. Estava me sentindo cansada quando subia escada. E sou uma pessoa muito ativa. Viajo muito, pego avião… Nisso tudo a gente vai percebendo que a qualidade de vida não está legal. E apareceu essa cirurgia que há dois anos eu tinha sido apresentada pelo Dedé Santana. O Dedé fez e o Tony Tornado também. Só que eu não conhecia o método e tinha verdadeiro horror ao método de cirurgia no estômago porque eu sabia que não ia segurar a minha onda. Para uma pessoa que gosta de comer, como eu, seria difícil, porque eu ia comer e vomitar. Então eu acho que não era uma coisa bacana, nem psicologicamente. Não ia ser a minha história. Quando eu conheci essa técnica, eu fiquei encantada. Fui para Curitiba conversar com o doutor Lazzarotto. E ele me deixou muito confiante. Ele tem um hospital próprio, a equipe é maravilhosa, eu fiz todos os exames. Eu nunca fiz tanto exame na minha vida para fazer uma cirurgia. Tive que fazer uma série com um aparelhinho chamado respiron, que eu tinha que levantar três bolinhas, que eram os estágios. E se eu não conseguisse fazer aquilo eu não iria ser operada. Então foi tudo muito criterioso. E me passou uma super segurança. Também me deu a liberdade de comer o que eu quiser para o resto da minha vida. Eu só tenho que tomar água. E eu tenho essa dificuldade. Água para mim é muito complicado. Eu sou do tipo que segura água na boca. Mas algum preço eu tinha que pagar, né? (risos) Que seja tomar água. Eu tomo tipo um litro e meio em cada refeição quando eu como alguma coisa que realmente seja gordurosa. Mas eu já não tenho muito o hábito de comer fritura por causa da minha pele, porque eu sou muito vaidosa.

UOL – Sua alimentação sempre foi sem frituras?
Fabiana Karla –
Sempre. Mas eu também sempre gostei, gosto e vou gostar de doces e pães. Então é complicado. Eu vejo um pão doce, um pão diferente… Outro dia eu publiquei no Twitter vários tipos de pães: pão carteira, pão bolachão, pão criolo. Eu adoro, gente! Então eu tenho dificuldade nisso. Porque eu tinha o paladar muito infantil. Mas eu percebi que agora eu estou menos ávida por doces e estou segurando bem a minha onda. Também estou com mais disposição, enfim, melhorei muito a minha qualidade de vida.

UOL – Desde então você já emagreceu quantos quilos?
Fabiana Karla –
Em 45 dias eu perdi 20 quilos. E aí tem essa coisa: você escolhe com quanto você quer ficar. Você tem o controle do seu corpo. Se eu quiser ficar como eu estou vou tomar menos água. Se eu quiser emagrecer mais, eu continuo tomando um litro e meio de água em cada refeição.

UOL – Então você controla quantos quilos quer perder pela quantidade de água que ingere?
Fabiana Karla –
Isso. Falando a grosso modo, é como se você jogasse um balde de água para empurrar o alimento, para que não tenha essa absorção. Só ficam os nutrientes necessários para o corpo. O resto é desprezado.

UOL – Mas você já fazia exercício físico antes de colocar o anel?
Fabiana Karla –
Sempre fiz vôlei, basquete, essas coisas assim, porque eu nunca fui sedentária. Mas eu não tinha uma periodicidade e era mais difícil porque você fica mais preguiçosa quando está pesada…

UOL – Você passou a fazer mais exercício depois do anel, então?
Fabiana Karla –
Sim. Porque eu sempre tentei, mas não era tão prazeroso como é agora. Na época que eu fazia a peça “Gorda”, eu percebi que estava arfando no palco. Na verdade, eu comecei a ver que estava arfando no palco quando fazia o espetáculo “Decameron”, que eu subia e descia umas plataformas. Então para “Gorda” eu já procurei fazer uns exercícios, tipo alongamento, caminhada, para ver se pelo menos eu tinha uma resistência. Mas mesmo assim estava complicado.

UOL – E a sua dieta, como é?
Fabiana Karla –
Eu não tenho dieta. Não existe essa possibilidade! (risos) É claro que tem alimentos que eu tenho que prestar atenção porque modificam um pouco a flora intestinal. Então tem alguns alimentos que ainda estou me adaptando. Quando eu tomo sorvete demais, por exemplo, eu sinto que me faz um pouco mal, me deixa com um pouco de enjoo. Mas não tem nenhum alimento que eu tenha restrição. Pelo contrário. Tem alimentos como pipoca, por exemplo, que se eu comer muito fico com gases. Mas sempre fiquei. Eu não tenho restrição a nada. Mas eu sempre me preocupei com a minha pele, então por isso nunca gostei de fritura. Eu sou uma nordestina muito estranha porque eu não como mocotó, bode, essas coisas mais pesadas.

UOL – Quanto você estava pesando e quanto pesa agora?
Fabiana Karla –
Eu acabei de deixar a minha costureira lá em casa e morri de rir com ela. Eu não abro mão de costureira, porque eu invento os modelos e ela vai fazendo. Ela estava dizendo que a minha cintura era tanto e está tanto, que eu perdi não sei quanto. Nem me lembro mais as contas, mas, enfim, eu estava com 113 kg e agora eu estou com 95kg. É uma grande mudança para mim.

UOL – Qual era o tamanho do seu manequim?
Fabiana Karla –
Meu manequim era 54. Agora eu uso 48, 46, dependendo da forma.

UOL – E você tem uma meta, um peso ideal?
Fabiana Karla –
Eu pretendo chegar aos 85kg porque eu acho que eu vou ser uma mulher com um tamanho bom, que eu vou me aceitar. Não quero mudar muito as minhas medidas características porque eu não me sinto bem. E é engraçado porque eu já tive 60 kg antes de ter filho e eu não sabia lidar com isso. Sabe o que acontece? Até com 20 quilos a mais eu me sentia bonita do jeito que eu era. Hoje eu me sinto bem cheinha. Eu não tenho o perfil de mulher magra. Eu sempre brinco com isso: ‘eu sou uma mulher sabão de coco, quadradinha e cheirosa’ (risos). Não tem jeito. Eu nunca vou ter cinturinha… É do meu corpo, então eu tenho que saber lidar com as minhas formas. E hoje, com a minha idade, com a maturidade que eu tenho, eu sei lidar melhor com as minhas formas. Eu me sinto melhor. Eu olho para o espelho e fico feliz com o que eu estou vendo da forma que está hoje. Se eu ficar com 85, não vou perder as minhas características e vou estar com saúde do mesmo jeito.

UOL – Você sempre foi gordinha?
Fabiana Karla –
Sempre. E a minha família toda também. Eu costumo dizer que a galera toda é barbapapa – ninguém vai lembrar do barbapapa, são aqueles bonequinhos da Paula Saldanha (risos). A minha família tem muita tendência para engordar. É uma luta, mas eu já fui magra. Porque eu sempre joguei, fiz esporte. Até engravidar do meu primeiro filho, eu pesava 60 Kg, estourando 68 kg. E para a minha altura… Engraçado porque os pecados vão abaixando a pessoa… (risos). Eu tinha 1,68m que me diziam, quando eu jogava basquete. E agora eu constatei que eu tenho 1,64m. Fiquei passada! Mas também são só quatro centímetros, né? É a vértebra mesmo que aperta com a gordura, com os filhos… Antes de ter filho, minha maior pesagem foi 68 kg.

UOL – Você engordou muito durante as gestações?
Fabiana Karla –
Eu aumentava tipo oito quilos. Só que meus filhos são muito emendados [Fabiana é mãe de três: Beatriz, de 13 anos, Laura, de 12, e Samuel, de 11]. Quando a primeira fez um ano e seis meses eu engravidei de novo. E quando estava no resguardo da outra engravidei do terceiro. Eu tenho dois filhos que ficam quase um mês com a mesma idade. Então juntou tudo.

UOL – O que as pessoas têm te falado nas ruas depois que emagreceu?
Fabiana Karla –
Eu morro de vergonha, mas o povo na rua fala: ‘ai, tá linda! Tá ótima. Dá pra ver que você tá feliz’. E é bacana porque eu estou servindo de exemplo para outras pessoas que ainda insistem em se martirizar de certa forma. Porque eu acredito no seguinte: eu sempre digo isso, a palavra de ordem é bem estar. Você vai dormir, acorda, olha para o espelho e pensa: ‘ai, esse cabelo não tá bom hoje’. Você então vai cortar ou tingir para o seu bem estar. Então que isso sirva também para as pessoas em outras áreas da sua vida, como serviu para a minha. Até para mudar de vida, para arrumar um namorado novo, mudar de casa, para um bairro diferente, para você começar uma nova vida, você tem que estar com o seu bem estar garantido. Então foi o que eu fiz. Eu fui procurar a ajuda de algum profissional que pudesse suprir a minha necessidade de garantir o meu bem estar. Por quê? Porque às vezes a pessoa fica se martirizando: ‘ai, eu vou ser fraco se eu for atrás de um psicólogo, ou se eu for buscar uma ajuda médica. Poxa, tenho que emagrecer sofrendo! Ah, fazer cirurgia é fácil’. Não, gente! Que isso! A comida também funciona como droga para algumas pessoas. Eu digo que a droga que eu conheci quando nasci foi o açúcar (risos). Então eu acho que as pessoas têm que se tocar disso e se permitirem também. Isso é uma prova de amor a si mesmo. Quando você está mal, você tem que buscar esse bem estar. Então para isso, se você precisar de uma intervenção cirúrgica… Eu vejo o povo fazendo plástica por nada. Por que faz plástica por vaidade, não por saúde? Então por que não tira a bundinha gorda da cama e vai procurar suas melhoras? Eu estava gordinha também, mas estava felicíssima. Então é uma questão de bem estar, é algo só seu, é muito pessoal. É que nem casamento. A gente olha e fala: ‘virgem Maria, como é que aquela mulher aguenta?’. Mas só ela e o marido sabem o quanto estão felizes daquela forma.

UOL – Você acha que mudou muito fisicamente depois da cirurgia?
Fabiana Karla –
Não me descaracterizou e eu não fiquei com o aspecto de doente. É uma cirurgia que deixa hidratada, tranquila. O meu maior medo era a minha pele. Eu só ficava pensando: ‘ai, meu Deus, eu vou virar um shar pei, vou ficar horrorosa, com aquele olho caído fundo’. E eu não fiquei. Nem nos primeiros 45 dias, que é aquela quarentena mesmo que a gente faz, com restrição de alimentos, porque ainda tem aquele processo todo de adaptação. Mas nem isso. Eu sempre estava muito saudável e foi ótimo.

UOL – Mas você acha que ser gordinha é sua marca?
Fabiana Karla –
Eu acho que ficou marcado porque também eu sempre enalteci as pessoas, de gordura ou não. Eu sempre fiz apologia às diferenças. Então eu acho que ficou muito marcada essa minha questão. Mas eu nunca fiz apologia à gordura. Eu sempre chamei atenção para a questão das diferenças. De certa forma, eu fiquei estigmatizada como uma pessoa que se aceita muito bem. E isso choca um pouco as pessoas. E eu digo até hoje que eu não saí do meu corpo, eu continuo aqui: ‘alô, oi! (risos) Eu continuo aqui, gente! É a mesma pessoa.

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