09/02/2021 Sem categoria

As delícias da maternidade

(Para todas as amigas que vivem me perguntando como é ser mãe nos Estados Unidos)

Nove da manhã.
Acordo com o barulho da mamadeira nas grades do berço vindo do quarto do Benjamin.
Risadaria. Gritaria. Falação frenética. O trio elétrico da Ivete ficaria com inveja da potência do barulho que aquele corpinho é capaz de criar.

Agora ele deu de só me ‘chamar’ depois de fazer e acontecer no berço, o que significa pelo menos uns trinta minutos em tentativas pra enfiar a mãozinha dentro do pijama.
‘Por favor, Deus. Que ele não tenha tirado a fralda hoje!’
Benjamin descobriu o pinto, e desde então não tira a mão de lá.

Coloco o roupão. Escovo os dentes. Abro a porta do quartinho e ele dá um pulo de surpresa tão grande que de cara nem percebi que não tinha nada por baixo do macaquinho que ele usava.
Sem shortinho. SEM A FRALDA. Só de macaquinho (?).
‘Fazer o que, né? Pelo menos na fralda não tinha bosta’.
Acho que vou usar da dica da minha mãe e começar a prender com fita isolante.

A pia da cozinha está vazia.
MILAGRE!
Normalmente passo horas arrumando a cozinha, mas hoje vou poder relaxar, né? Tomara!

Waffles, morango, mirtilos, amoras, queijo e suco de uva.
Os segundos entre a geladeira e a pia são o suficiente pro Benjamin pegar do chão, com a boca, dois dos petiscos que coloquei pra gata.
Chell (a gata) assiste tudo incrédula.

Sumouski está sentado no meio do caminho e não quer deixar o Benjamin passar. Benjamin chora.
Eu salvo o Benjamin do Sumouski.

Coloco o bebê no cadeirão.
Enquanto ele come, três veadinhos passam pelo quintal de casa. Desde que a quarentena começou eles andam bem mais confiantes.
Benjamin ‘pula’ do cadeirão pra mesa.
Eu tiro ele de lá.
Ele chora. De novo.

Limpo o cadeirão.
Passo vassoura no chão.
Coloco pra lavar a roupa de cama molhada de xixi do Benjamin.
Ajudo a espalhar os brinquedos pelo chão.
Salvo a Chell do Sumouski.

Hora de trocar a fralda.
Marca nova. Essa não aguenta nem metade da que normalmente usamos.
‘Nunca mais compro essa bosta!’

Separo a briga dos gatos. O Benjamin AMA quando os dois brigam.
Ninguém me salva do Sumouski.

Coloco o meu sapato e sinto algo mole e quente.
‘EU NÃO ACREDITO QUE O SUMO FEZ COCÔ NO MEU SAPATO!’
O choro parou na garganta.
Tiro o pé. Era abacate! Obrigada Deus e Benjamin.

Arrumo a sala.
Volto pra limpar, de novo, a cozinha que dessa vez tem carrinhos espalhados por todos os cantos.
Ligo o rádio. Benjamin dança rodopiando. Ele quase cai… mas não cai.

Dou almoço pra todo mundo.
Como o restinho que o Ben não comeu.
Ele bebe todo o suco dele. E o meu.

Tiro o gato de cima da mesa.
Tiro o bebê que ficou preso no vão do sofá.
Tentei tirar a Chell do carpete antes que ela vomitasse em tudo. Não deu tempo. Ela vomitou em tudo.

Veadinho camuflado no quintal

Benjamin tenta me puxar pro quarto dele, e quando eu não vou… Chora. E só para quando ligo a TV.
O Cartoon Networks está exibindo o mesmo episódio, em looping, há pelo menos quatro dias.
Será que estou deixando ele muito tempo na TV?

Bate vontade de fazer cocô. Coloco ele no berço (porque não dá pra deixar ele a solta).
Tiro o lixinho do banheiro,
Coloco a roupa na secadora,
Troco os tapetinhos do corredor,
Encho o potinho de comida dos gatos. Troco a cumbuquinha d’água.
Dou mais petiscos pra Chell antes que ela exploda de tanto implorar.

Decido pegar a caixa da encomenda que estava na porta. Mais coisa que a gente não precisa e nem tem espaço pra colocar.
O vizinho tá arrumando o canteiro entre as duas casas. A parte dele e também a nossa.
Aquele cara é um anjo. Se não fosse ele, ia estar que era só mato.
Chell escapa por entre as minhas pernas.
Chell tem medo do lado de fora.
Lá vou eu tirar a Chell de baixo da escada.
Enquanto eu abaixava, meus peitos saíram por cima da regata. O vizinho viu. Tenho certeza que ele viu.
Não é a primeira vez que ele me vê ‘pelada’. Sorte a dele!
A vontade do cocô passou.
Não fiz cocô.

Clarence Sumouski esta sempre rondando

Chego no quarto e o Ben está quase dormindo.
Deixo tudo confortável. Fecho a janela e deixo ele cochilar.
Eu queria cochilar.
Decido cochilar… mas antes vou guardar os brinquedos da sala.
Coloco os recicláveis pra fora.
Da janela vejo chuva se formando. Corro pegar os brinquedos que deixamos lá fora.

‘Puta merda, esqueci de tirar a carne do freezer’. Hoje vai todo mundo jantar pão. Foda-se.

Olho pro relógio na parede: Nem 4 da tarde.

Por Preta Zaros

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