Eu relutei em escrever este texto, porque não queria trazer nenhum tipo de negatividade para vocês. Mas pensei muito e não poderia esquecer que o Blog Mulherão é o meu diário. E diários não são feitos só de páginas felizes.
Aqui não é meu portfólio de blogueirinha feliz. Aqui sempre contei tudo sobre minha vida, sem máscaras, incluindo as partes tristes e vergonhosas que muitas tentam esconder.
Essa exposição aparentemente negativa vem sempre recheada de trocas de carinho. Quantas vezes vocês já não enxugaram minhas lágrimas, me deram força, amor, puxões de orelha? Talvez eu esteja com saudade disso.
Então, estou aqui, minhas amigas, pra dizer que estou perdida como um cachorro que acabou de cair do caminhão da mudança. Com a Pandemia, tirei um ano sabático pensando que tudo ia passar e, estar diante da certeza de que não vai passar tão cedo, fico confusa. Mais quantos anos desperdiçarei esperando?
Não vou nem falar das privações que eu e muitos de nós sofremos. Estou falando de todos os planos que fizemos e que não se realizarão. Ter que traçar a rota enquanto sobrevivo é difícil. É como se eu estivesse frustrando a Renata de 20 anos de idade, mesmo tendo quase 40.
Ter esse sentimento de autocomiseração é horrível. Perdoem-me o palavreado chulo, mas é pior do que cagar na minha própria cabeça.
Entrar nas redes sociais, para mim, é uma tortura. É tanta gente feliz no Instagram, com seus looks novos, peles de pêssego, dancinhas intermináveis, que me sinto anormal. Não posso gravar lives, stories, porque não consigo interpretar e ser uma Renata instagramável.
Não estou dizendo que as pessoas que vivem sorrindo com seu excesso de positividade quase celestial no Instagram estejam mentindo. Elas podem ser de verdade. Gente com vida fácil, ou difícil, mas feliz apesar dos pesares. Gente com resiliência. Resiliência essa que não consigo mais ter. Eu simplesmente não sou como essas pessoas e esse é mais um fator que me faz me sentir inferior, incapaz. É tóxico para mim!
Tento valorizar as pequenas coisas da vida e, se querem saber, é só isso que importa de verdade. Sentir um vento gostoso batendo na cara, um solzinho da manhã entrando pela janela, a oportunidade de poder assistir um documentário pela Netflix. São sabores deliciosos que eu já não notava.
Eu vou voltar a escrever no Blog Mulherão, TODO DIA, pois o que eu mais amo nessa vida é escrever. Então, me perdoem se entrarem e encontrarem apenas lamúrias. Preciso colocar essas lágrimas para fora para só então voltar a sonhar e ter histórias lindas pra contar, como a Renata de 20 e poucos anos, da era pré- pandemia, tinha.
Na foto uso lingerie Marilyn Plus Size
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
Quer trocar relatos de experiências sexuais e tirar dúvidas com outras mulheres gordas? Entre no GRUPO SECRETO DO MULHERÃO, no Facebook, com entrada permitida apenas para mulheres: Clique aqui para acessar