Por Eduardo Soares
Tem gente que consegue emplacar um longo relacionamento iniciado durante a adolescência mas convenhamos que essas pessoas são felizardas e raras, por isso poucos otimistas natos aconselham uma pessoa com menos de 20 anos a assumir um relacionamento que não seja o namoro. Denise tem 22 anos mas apesar da pouca idade já passou por um noivado de dois anos e um casamento de cinco, cada um com homens diferentes. Não é preciso ser expert em matemática ou psicologia para deduzir que ela iniciou sua vida sentimental (repleta de alegrias e aporrinhações) cedo demais, o que não garante necessariamente um amadurecimento precoce, pelo contrário. Prova disso é que atualmente (três meses depois do divórcio) ela está confusa até o último fio de cabelo.
Bom, quem sou eu pra guia da vida amorosa de alguém, longe disso (fosse fácil assim minha estrada sentimental estaria satisfatoriamente pavimentada). Mesmo assim não escondo o que penso e dou meus pitacos sem jamais assumir o papel de Senhor da Verdade ou Imperador da Razão. Durante um almoço recente, disse a ela que depois da maratona olímpica que seu coração passou (iniciada ao assumir um noivado aos -inacreditáveis- 15 anos), EU optaria pelo descanso. Sabe, na minha cabeça a fase pós-término sugere repouso, momento propício pra fazer o coração respirar livre e desimpedido, isento de cobranças que um relacionamento sério porventura venha a ter. Noiva aos quinze anos, leitora querida!! É muita coisa responsabilidade (desnecessária) para tão pouco tempo de vida! Sei lá, acho que têm pessoas que padecem da Síndrome da Solidão. Ou será que acostumei a viver só?
Pois bem, pois mais louco que possa parecer, como foi dito no inicio do texto hoje ela está confusa (ou nas palavras da moça: perdidamente apaixonada). Leve ao pé da letra a parte do “perdidamente” já que Denise alterna momentos de euforia com outros pautados pelo medo. Explica-se:
Euforia pelo re-re-re-re-re-re-reaquecimento do músculo que bombeia sangue e sentimentos proporcionada por um (de novo, palavras dela) simpático admirador. Analisando friamente, até que dá pra entender o entusiasmo, afinal quem não gosta de ser alvo de elogios rasgados, aparentemente sinceros?
O medo reside justamente nas experiências desastrosas obtidas ao longo dos primeiros e únicos relacionamentos. Afinal de contas, quem garante que o affair atual não terá o mesmo fim que os outros dois? Analisando friamente, até que dá pra entender o receio, afinal de contas e se for apenas fogo de palha por parte do cara, sabedor do momento carente da nossa amiga?
Adianta convencer o gato angorá que ele não é tigre siberiano? Como não dá pra transformar teimosia em calmaria, disse a ela: já que é assim, entregue-se em slow motion, sem afobação, e procure ser feliz à sua maneira anti-solitária de ser. A irritante resposta veio com um “ah, não sei o que fazer da vida! Estou tão feliz com as palavras dele mas tenho tanto medo de passar por tudo e novo. No fundo, ele tem cara de safado”.
Com base na santa paciência de Jó misturada ao humor do Dr. House, pensei com meus botões: o que Denise quer/espera da vida? Quando você cede (leia-se dar corda, abrir precedente) aos galanteios seja de quem for, arque com a escolha feita! Ficar nesse cabo-de-guerra entre medo e euforia torna as coisas mais complicadas. Indecisão? Sem chance. Não dá pra descer da montanha russa quando ela está prestes a dar o primeiro looping. Motorista que tem medo de bater deixa o carro na garagem! Vivemos sob o efeito do “e agora?” e deixamos de viver o agora. Se você optou por determinado caminho, vá até o fim ou até o momento em que a escolha for benéfica. Do contrário, use aquele ditado: persistir é burrice.
Ao tomar uma decisão, você analisa o preço da escolha –acatada e recusada – e só. Não dá pra prever o risco daquilo que ainda não aconteceu. Em suma: acredito ser impossível calcular hipóteses, probabilidades, razões, paralelas e perpendiculares do amanhã.
Fosse assim, fosse a vida uma previsível estrada reta, sem atalhos ou desvios no meio do caminho, e caso quiséssemos saber a prévia de determinado risco, bastaria utilizarmos a equação ax + by + c = 0 e todos ospossíveis medos seriam sanados.
Arriscar está longe de ser uma ciência exata.
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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