Por Keka Demétrio
Um amigo certo dia me disse que cansou de ouvir as pessoas dizerem que “a vida passa”, mas que ele pensa diferente. Em sua concepção “a vida fica, quem passa somos nós”.
Não me lembro de algum dia ter pensado desta maneira e, se já o fiz, com certeza foi em uma época em que a ânsia pela quantidade era muito maior do que a pela qualidade, diferente de agora que ao ler a mensagem fiquei absorta em meus pensamentos tentando recriar passagens de minha vida como quem quer assistir a um trailler de uma história interessante. Procurando achar detalhes que marcaram minha passagem pela vida até aqui.
As primeiras lembranças que vieram a minha mente foram acontecimentos que de alguma forma feriram meu coração. Quando temos esse tipo de recordação uma nostalgia carrega nossos olhos e a melancolia toma conta. Parece que sentimos um prazer extra em alimentar essas lembranças. Mas se estou a procura de fatos vividos e marcantes, não devo querer separá-los em bons ou ruins, mas sim em acontecimentos que transformaram, ou não, a minha história. E, se eu soube aproveitar os bons momentos, ótimo, mas se eu soube transformar os ruins em lições, melhor ainda, porque no fundo, o que realmente nos ensina a viver são nossas atitudes diante das feridas abertas, ou seja, o que fazemos para curá-las.
Antes, não há muito tempo, quando eu me lembrava da minha infância recheada de férias na fazenda, de brincadeiras de rua, dos presentes no natal, das sensações vividas na época do primeiro beijo e na descoberta do amor, e a emoção indescritível do nascimento dos meus filhos, eu dizia que era feliz e não sabia. Mas hoje, ao olhar para trás, eu vejo que, apesar de algumas atitudes não tão legais cometidas para comigo mesma (talvez pela imaturidade dos sonhos, ou mesmo pela impaciência da alma), percebo que até hoje passei pela vida de forma brilhante. Amando e sendo amada, desejando e sendo desejada, busquei cada sonho que me preenchia a alma, alguns me renderam muitas lágrimas e cicatrizes, e outros tantos a felicidade, mas todos me dando a certeza de que eu não estava passando pela vida em vão.
Quero, a cada amanhecer, poder olhar o dia que passou com muito mais serenidade e alegria, e com a consciência de que, se não pude realizar tudo o que desejava, e nem ir muito além do que sonhava, a cada dia que eu passar pela vida tenho, por obrigação, vivê-lo abundantemente em todos os sentidos. E só se vive em abundância quem consegue passar pela vida fortalecendo a fé em si mesmo, acreditando em seu poder como obra divina.
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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