06/09/2016 Comportamento

C&A e a sua versão gorda de Taubaté

Por Renata Poskus Vaz

Enquanto marcas como Pernambucanas, Renner e Marisa se esforçam para estreitar o relacionamento com suas consumidoras plus size, a C&A vai na contra-mão, literalmente cagando e andando para o que elas pensam, como se identificam e se vão ou não se sentir representadas com suas campanhas pé de chinelo.

Em sua última publicidade, a C&A decidiu apostar na tendência jeans e inserir modelos diferentes dos que habitualmente emprega em sua publicidade, seguindo o slogan “entre na mistura”. Eis que alguém da equipe de marketing, publicidade ou sei lá o que, teve a maravilhosa ideia de inserir uma gorda na campanha. Afinal, representatividade tá na moda. E mistura sem representatividade não dá. Então, que tal complementar o slogan com: “Sou gorda, sou sexy?”. Ma-ra-vi-lho-so, né?

Ok, mas decidido que usariam um slogan para que as gordas se identificassem, qual o motivo de usarem uma modelo que não é gorda na campanha? É tipo um black face na versão gordística. A modelo da foto é a incrível Maria Luiza Mendes, uma das mais lindas e requisitadas modelos plus size do Brasil. Maria Luiza usa um manequim 44, no máximo 46, é alta, curvilínea, maravilhosa, super me identifico com ela. Mas não é gorda. Fato.

c&a+gorda+blog+mulherao+plus+size

Que fique claro, toda gorda usa roupa plus size, mas nem toda mulher que usa roupa plus size é gorda. Entra nesse pacote as curvilineas, com sobrepeso, altas de aparência esguia… Ou seja, uma infinidade de silhuetas, nem todas gordas. C&A chamar não gordas de gordas é um incentivo à anorexia, bulimia, distúrbios de imagem etc.

Uma amiga jornalista do Rio de Janeiro, a Mariana Rodrigues, autora do Blog Da Rua pra Lua, resumiu bem o título desta campanha em seu Facebook: “A gorda de Taubaté”, comparando o caso da Gorda que não é gorda, da C&A com a mulher de Taubaté que enganou o Brasil inteiro ao fingir estar grávida de quadrigêmeos, virando piada nacional quando desmascarada.

Essa história toda me fez confirmar que a C&A é a única das grandes redes de varejo que realmente não quer gordas como suas consumidoras. Criando esse novo padrão de “gorda’, deixa claro que aquele é o limite do manequim que se vende na loja. E nem vende! A modelo da foto usa 1 manequim menor que o meu. Não encontro lá roupas modernas, transadas, jovens. Tampouco as sociais, de sempre. É uma falsa preocupação com a inclusão.

Óbvio que não há gordas na equipe de mkt da C&A tampouco na de criação ou absurdos como esse não passariam. E não foi um descuido. A gordofobia da C&A vem de longe. Quem não se lembra de quando contrataram a Preta Gil e a encheram de photoshop, deixando-a irreconhecível? Para relembrar, Clique aqui. 

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