Por Renata Poskus Vaz
Enquanto marcas como Pernambucanas, Renner e Marisa se esforçam para estreitar o relacionamento com suas consumidoras plus size, a C&A vai na contra-mão, literalmente cagando e andando para o que elas pensam, como se identificam e se vão ou não se sentir representadas com suas campanhas pé de chinelo.
Em sua última publicidade, a C&A decidiu apostar na tendência jeans e inserir modelos diferentes dos que habitualmente emprega em sua publicidade, seguindo o slogan “entre na mistura”. Eis que alguém da equipe de marketing, publicidade ou sei lá o que, teve a maravilhosa ideia de inserir uma gorda na campanha. Afinal, representatividade tá na moda. E mistura sem representatividade não dá. Então, que tal complementar o slogan com: “Sou gorda, sou sexy?”. Ma-ra-vi-lho-so, né?
Ok, mas decidido que usariam um slogan para que as gordas se identificassem, qual o motivo de usarem uma modelo que não é gorda na campanha? É tipo um black face na versão gordística. A modelo da foto é a incrível Maria Luiza Mendes, uma das mais lindas e requisitadas modelos plus size do Brasil. Maria Luiza usa um manequim 44, no máximo 46, é alta, curvilínea, maravilhosa, super me identifico com ela. Mas não é gorda. Fato.
Que fique claro, toda gorda usa roupa plus size, mas nem toda mulher que usa roupa plus size é gorda. Entra nesse pacote as curvilineas, com sobrepeso, altas de aparência esguia… Ou seja, uma infinidade de silhuetas, nem todas gordas. C&A chamar não gordas de gordas é um incentivo à anorexia, bulimia, distúrbios de imagem etc.
Uma amiga jornalista do Rio de Janeiro, a Mariana Rodrigues, autora do Blog Da Rua pra Lua, resumiu bem o título desta campanha em seu Facebook: “A gorda de Taubaté”, comparando o caso da Gorda que não é gorda, da C&A com a mulher de Taubaté que enganou o Brasil inteiro ao fingir estar grávida de quadrigêmeos, virando piada nacional quando desmascarada.
Essa história toda me fez confirmar que a C&A é a única das grandes redes de varejo que realmente não quer gordas como suas consumidoras. Criando esse novo padrão de “gorda’, deixa claro que aquele é o limite do manequim que se vende na loja. E nem vende! A modelo da foto usa 1 manequim menor que o meu. Não encontro lá roupas modernas, transadas, jovens. Tampouco as sociais, de sempre. É uma falsa preocupação com a inclusão.
Óbvio que não há gordas na equipe de mkt da C&A tampouco na de criação ou absurdos como esse não passariam. E não foi um descuido. A gordofobia da C&A vem de longe. Quem não se lembra de quando contrataram a Preta Gil e a encheram de photoshop, deixando-a irreconhecível? Para relembrar, Clique aqui.
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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