16/11/2015 Comportamento

“Diretor“ de agência de modelos chama modelo plus size de leitoa, gorda e arrombada

Por Renata Poskus Vaz

Escrevi dezenas de rascunhos na tentativa de produzir um texto jornalístico, sério e em terceira pessoa sobre um funcionário da agência Upper Model que ofendeu uma modelo plus size via áudio no whatsapp, a xingando, inclusive, de leitoa, gorda e arrombada. Porém, não há como não me envolver, não há como não ficar indignada com o assunto que vou narrar agora. Não há como não me colocar no lugar dessa modelo e sofrer, não tanto quanto ela deve estar sofrendo agora, mas solidária com sua dor.

Recebi de uma modelo plus size muito conhecida, a troca de mensagens com uma booker da agência Upper Model. Nela, a booker oferece a oportunidade de um casting para a modelo. As duas então analisam horários e a disponibilidade da modelo sair de um trabalho diretamente para esse casting. Porém, antes de confirmar a sua ida ao casting, ela pede que lhe passem para que trabalho seria o casting e qual o cachê do trabalho, o que possivelmente revoltou um homem de nome Fabiano que se identificou como diretor.

Detalhes importantes no relacionamento cliente x agência de modelo :

Toda modelo tem o direito de saber para qual casting está sendo encaminhada e qual o cachê ofertado, isso sem contar a comissão que ficará retida pela agência. Por exemplo, quando fiz um trabalho como modelo para a Marisa, por meio da própria Upper Model sob outra direção, me foram esclarecidos todos esses detalhes antes do casting. Toda modelo tem o direito de saber para qual casting está se dirigindo. Não é obrigada a fazer trabalhos para empresas com as quais não se identifica ou concorrentes de empresas para as quais trabalhou recentemente. A modelo também tem o direito de não aceitar fazer trabalhos por cachês baixos ou outras condições abusivas. O diálogo entre modelo e agencia deve estar sempre aberto a esse tipo de questionamento. A agência tem o direito de não querer continuar com uma modelo que questione esse tipo de coisa, mas não tem o direito de ofendê-la ou desmerecê-la.

Voltemos aos fatos…

A booker, que conversava com a modelo, não respondeu os questionamentos sobre qual a empresa e cachê daquele trabalho.

conversa 1

conversa 2

Foi quando o tal Fabiano mandou o seguinte áudio para a modelo (por meio do próprio whatsapp da booker), de forma ríspida (e novamente sem esclarecer qual o cachê e o cliente) dizendo que se ela não quiser tem outra modelo na fila:

A modelo, então, igualmente nervosa, responde que sem saber o valor do cachê ou qual o cliente, que não queria e que ele poderia passar o trabalho para outra.

Não gostando da resposta dela, o homem que se identificou como diretor diz que não queria pessoas com o nível dela na agência. Ela, por sua vez, diz que não trabalha com agências bostinha. Quem, em sã consciência gostaria de ter seu nível questionado desta forma?

conversa 6

Então, ela bloqueou o número em seu whatsapp e por outro número recebeu a seguinte mensagem do Fabiano, a chamando de leitoa, gorda e arrombada.

Não que seja defeito se parecer com um dos animais mais inteligentes do mundo, o porco, nem ser gorda e muito menos arrombada, que deve ter muita história boa pra contar. Mas ninguém tem o direito de chamar uma profisisonal assim. Quando a modelo se referiu à agência como bostinha, estava revidando o fato de ter seu nível questionado pela agência.

Como se não bastasse, reforçou por escrito as ofensas via mensagem pelo Facebook:

conversa 7

Antes de fechar essa matéria…

Antes de fechar essa matéria, entrei em contato com a booker e o Fabiano, pelos mesmos telefones com os quais se comunicaram com a modelo, para que tivessem o direito de resposta. A booker alegou que não ofendeu a modelo, apenas cedeu seu telefone para Fabiano. Já Fabiano alegou ter sido ofendido primeiramente pela modelo. Quando tentei explicar que eu tinha acesso a todos os áudios e prints, ele me interrompeu. Pedi que me ouvisse e ele então, disse que não era obrigado a me ouvir. Com medo de também ser chamada de leitoa e arrombada, desliguei.

Já a modelo reafirma que em momento algum recebeu informações sobre o casting e que só gravou o áudio ríspida pois se sentiu tratada com arrogância, como se não fosse obrigação dele em lhe repassar as informações sobre o casting. No mais, concluiu dizendo que não precisava omitir sua foto ou identidade nesta matéria, pois quem já contratou seu trabalho como modelo, sabe de sua dedicação e profissionalismo. E que embora tenha temido que ele cumprisse a promessa de colocá-la em uma lista negra aqui em São Paulo, que decidiu tornar público o fato para inibir que outras mulheres passem por isso.

Fico muito, muito, muito triste com isso. Gente que lucra com trabalho de modelo plus size, com essa visão.

#somostodasleitoas

Update: Em matéria sobre este caso publicada no UOL, hoje (17/11), Rodrigo Thiré, o verdadeiro diretor da Upper Model Management, falou ao UOL que a postura do fotógrafo não condiz com o tipo de serviço oferecido pela agência. “Ele não é uma pessoa responsável por nada neste departamento [de casting]. Ele estava prestando um serviço para nós, mas pegou o celular da booker e começou esta história completamente errada”. 

O executivo disse que Fabiano será desligado da empresa. “No momento ele está desaparecido, a gente não consegue falar com ele”, pontua. Procurado pela reportagem, o profissional não foi encontrado. Porém, antes identificado como o responsável pelo marketing da agência, Fabiano teve seu nome apagado do site da Upper Model Management. 

Alessandra diz que Rodrigo já entrou em contato com ela e explicou que Fabiano não representa a Upper Model Management. “Ele me ligou pedindo mil desculpas. Agradeço muito pela atenção”, elogia. Ainda assim, a modelo, que atua no mercado há oito anos, pretende processar Fabiano Herrera pelas ofensas. “Estou falando com a minha advogada. O boletim de ocorrência pelo menos eu quero fazer”, explica. 

Leia a matéria completa no UOL, clicando aqui.

 

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