29/11/2010 Sem categoria

Espaço da leitora: a palhaça que é um mulherão

Olá meninas!

Meu nome é Michelle, tenho 28 anos e manequim que oscila entre 46 e 48…hehhehe…Não faz muito tempo que descobri o Blog Mulherão, entrei e gostei. Pude ler vários depoimentos e muitas postagens que incentivam “mulherões” nesta jornada que as vezes apresenta muitas limitações, não porque sejamos incapazes, mas porque acabamos nos importando demais com a opinião alheia.
Visitar o blog, passear pelas fotos e pelas leituras faz bem demais pra gente, para o nosso ego. Exemplo disso, foi que hoje ao entrar no blog e ver tanta coisa linda, eu resolvi colocar um vestido e fazer uma linda maquiagem e me fotografei de todos os ângulos. Me fiz linda pra mim mesma. 


 
Mas não foi só para dar um depoimento que vim até aqui.
Foi para lhes apresentar a Palhaça Barrica, com a qual eu tenho desenvolvido uma pesquisa constante há 9 anos, e desde seu nascimento a Palhaça precisou assumir seu corpo, seu desenho físico, suas limitações ou aquilo que se pensa ser limitações e disso tirar motivos para o riso.
A primeira coisa que tive que fazer no meu processo de descoberta desta palhaça, foi colocar a barriga de fora. Porque isso? Porque em alguns casos de iniciações de palhaços, o meu por exemplo, se desenvolve um trabalho de revelação da pessoa, de descoberta e exposição do que é ridículo nela, do que é diferente, fora do padrão e por esses motivos, suscita o riso do público.
Em mim, claro, a grande barriga teve que ser exposta e quanto sofrimento neste momento, eu lembro o quanto eu chorei na sala de aula (sou graduada em Artes Cênicas, UFSM) perante minha turma. Mas passaram-se alguns dias e eu fui surpreendida por mim mesma, na frente de um espelho observando minha barriga e percebendo que ela nem era tão feia como eu a desenhava na minha cabeça.


Mas o fato principal neste processo, que me fez assumir o tamanho do meu corpo, foi quando numa intervenção de palhaços numa grande feira, eu fui anunciada, entrei na passarela, tirei meu casaco, fiquei com a barriga de fora e desfilei. Neste momento a mulherada da pláteia gritava demais: Linda!!!!Maravilhosa!!!
Eu entendi ali, que esta passava a ser a minha missão: mostrar para as mulheres gordas, que era possível ser feliz, ser desejada e ser linda apesar de estar fora deste dito “Padrão de beleza”, e que além disso tudo, a gente ainda pode rir de si mesma, e este preconceito todo acaba ganhando um outro sentido.
 
Nove anos depois de ter começado o meu trabalho, eu sempre tive em mente que o palhaço exerce uma função muito clara na sociedade, foi sempre assim, desde o seu surgimento. Ao palhaço cabe fazer uma critica social e ser o espelho desta humanidade que sofre, sente medo, é desajustada e sente muito prazer também.
Aí eu percebi que devia levar mais a sério o físico de Barrica e esta sua relação com o corpo, como sendo uma bandeira mesmo.
Hoje tenho um espetáculo chamado BARRICA PORÁGUABAIXO, que já apresentei no Rio de Janeiro num ENCONTRO INTERNACIONAL DE COMICIDADE FEMININA, ANJOS DO PICADEIRO ENCONTRO INTERNACIONAL DE PALHAÇOS,  e irei me apresentar em Brasília em dezembro ENCONTRO DE MULHERES PALHAÇAS DE BRASILIA.


 
Neste espetáculo a Palhaça deseja ir a praia, mas intala na bóia. Este é o grande conflito. A bóia atua aqui como um limite, o próprio padrão em si. E Barrica percebendo-se gorda, faz de tudo para emagrecer e não consegue e sofre, neste momento ela tem uma grande e maravilhosa idéia, pede para um homem da platéia para ajudá-la. E é neste momento que a palhaça começa a inverter o jogo, onde ela começa a usar sua dificuldade como um motivo para a conquista e acaba saindo de cena intalada e de braço dado com o bonitão que vai lhe ajudar ATRÁS DAS COXIAS.
 
Barrica é uma palhaça muito amada pelas crianças, pelos adolescentes e pelos adultos, e eu fico muito feliz de ter uma palhaça que é um mulherão.
Ouvi um depoimento de uma mulher: “Ver Barrica é muito libertador, porque ela usa maiô de bolinhas, o que a gente sempre ouve dizer que não é o mais adequado para as gordinhas, ela usa meia calça branca e evidencia as suas celulites, mas isso não faz a menor diferença”.
 
Ouvir isso, claro que não foi bem com estas palavras, mas foi isso que ela disse, me deixou muito feliz.
Eu Michelle, sou um mulherão, só preciso me assumir da mesma forma libertária e feliz com que a minha Palhaça se relaciona com ela mesma.

Um grande abraço
 
Michelle/Barrica
 
http://blogdapalhacabarrica.blogspot.com

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