Por Renata Poskus Vaz
No último fim de semana conversei por horas com algumas amigas gordas sobre relacionamento (é, a coisa tá feia! hahahah). Lá haviam mulheres famosas em nosso segmento: blogueiras e modelos. Ah, sim, pode ser que o pessoal magrinho lá do mundo slim não nos conheça, mas no nosso segmento somos famosinhas, sim. A fama não é necessariamente uma escolha, mas uma consequência natural do sucesso profissional na área em que escolhemos (ou fomos conduzidas pela vida) a trabalhar.
Mas essa fama na gordolândia, que ajuda a abrir muitas portas em nossa carreira, também é a mesma fama que faz uma importante porta parecer sempre, eternamente, definitivamente fechada: a do amor.
E muitas das vezes nós mesmas a fechamos. Priorizamos o trabalho. Temos dúvidas sobre aqueles que se aproxima de nós. E quando finalmente decidimos “tentar” amar, nos deparamos com alguns homens que ainda não aceitam que mulheres gordas famosas…
Uma de minhas amigas blogueiras comentou que fez um texto ou vídeo em que contava sobre um rapaz com quem ficava há alguns meses. O atual ficante entendeu que ela falava no presente, que tinha outro cara na vida dela. Ledo engano. Para blogueiras existe a atemporalidade. A gente fala de fatos do passado no presente. É apenas um recurso textual para aproximar as leitoras do fato, gerar identificação.
Eu, por exemplo, contei um caso na entrevista ao Danilo Gentili em que um ex-ficante pediu que eu emagrecesse 20Kg para casar comigo. Respondi que se o p*&^ dele fosse 10cm maior que eu também casaria. Depois desta entrevista recebi 5 ligações de ex perguntando se eu também achava seus “dito-cujos” pequenos. Ninguém merece, né? Virei ISO 9001 de pinto, agora? E uma dúvida brotou: será que outros caras ficariam com medo de se relacionar comigo, por medo de eu exigir um padrão peniano jumentístico? Era uma brincadeira, gentchy!
E essa dificuldade de sermos compreendidas, vai além. Desconfiamos de tudo e todos. Eu, por exemplo, namorei uma única vez com um cara que conhecia meu trabalho, que era meu fã, para nunca mais. Um fã sempre espera conviver com a Renata poderosa, bem-vestida e maquiada que ele vê na televisão. E quando ele acorda ao meu lado, comigo toda descabelada? E quando me ve sem maquiagem, andando de chinelo de dedo na Freguesia do Ó? E quando percebe que por trás da Renata durona, desbocada e forte há uma mulher fofa? (tá vai, 30% de fofura apenas kkk). A ilusão acaba rapidinho.
Soma-se a isso, a nossa independência financeira. Ainda há aqueles babacas que preferem uma mulher dependente porque essa não afeta sua “masculinidade”. Mulher dependente não pega as suas coisas e vai embora. Mulher dependente não questiona. Mulher dependente não faz homens pequenos se sentirem menores. Apenas um grande homem amaria um mulherão. Tem que ser muito homem para aceitar que sua mulher ganhe mais que ele. Que tenha mais sucesso profissional que ele. E que não seja um troféu magro pra sair exibindo por aí.
Não podemos fingir que somos menos do que somos. E, acredite, jamais faríamos isso só pra segurar um homem.
Também tem aqueles caras que só se interessam no nosso sucesso e nas oportunidades profissionais que pensam que vão conseguir com essa aproximação. Sim, muitos dizem que mulher que é interesseira, mas tem muito homem por aí usando o corpinho lindo para subir na vida, sem o mínimo de escrúpulos.
A verdade nessa história toda é que gordas famosas também amam. Demora pra gente confiar, pra se apegar, para acreditar, para se entregar. Mas a gente ama. Ama muito. Mas só quem merece. E enquanto isso vamos curtindo com os caras errados. ♥
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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