Por Eduardo Soares
Existem centenas de bons perfumes das mais diversas marcas renomadas. Cada um carrega uma particularidade, o que gera as preferências pessoais. Posso ser louco de paixão pela fragrância JOSEPH DAS COUVES enquanto você pode detestá-la. Cada um sente o perfume de forma diferente e guardadas as devidas comparações o mesmo ocorre com nossos sentimentos. Em especial a boa, velha, querida por uns e temida por outros: saudade.
Podemos ter uma afinidade simétrica com a mesma pessoa que por motivos pessoais teve que ir morar no exterior. Por mais que exista uma equivalência sentimental, invariavelmente posso sentir mais a falta dela que você ou vice-versa. Isso quer dizer que a minha saudade pela pessoa é maior que a sua? Não. De volta ao tema inicial, assim como ocorre nos perfumes, nós carregamos particularidades originárias de diversos fatores.
Uma canção pode despertar em você a saudade de algo/alguém/algum momento marcante. Um lugar qualquer pode despertar em você a saudade de algo/alguém/algum momento marcante. O mesmo ocorre com um texto, filme, data, comida, presente e por aí vai.
Apenas um parêntese: durante boa parte do tempo estamos resgatando lembranças recentes ou empoeiradas (sejam elas boas ou ruins) dentro do nosso arquivo encefálico. E independente da memória resgatada, tanto o flashback gostoso como o desagradável são válidos. Afinal, eles formam os caminhos das nossas escolhas. Sem isso, não teríamos discernimento entre o erro e acerto.
Nenhuma tecnologia do mundo será capaz de medir o peso da saudade. Às vezes podemos saciá-la através de uma visita naquele lugar marcante. Por outro lado, a saudade eterna fica retida na memória e no coração quando lembramos de alguém que se foi para nunca mais.
Tentei resumir essa “ciranda” de situações em torno da saudade através de um pequeno texto. Afinal de contas, a saudade é boa ou ruim? Sinceramente, essa pergunta não tem uma resposta padronizada. Apenas sei que sim, sinto saudades (no plural mesmo). E através delas, aqueço metade do meu coração com lembranças daquilo que a vida me ofereceu. E reservo a outra metade para guardar o que está a minha espera.
“SAUDADE que aperta/espreita
Saudade faminta/fominha
Saudade sucinta e sutil
Saudade que caminha ou camufla
Às vezes à parte, saudade sozinha
Às vezes aperto, saudade bruta
Saudade sem origem, como
Vertigem sem roteiros
Veleiro sem destino
Desatino sem paradeiro
Roteiro sem fronteira
Trincheira sem afronta
Saudade sem sentido, feito
Travessia sem balsa
Abrigo sem casa
Filme sem pausa
Crime sem causa
Beijo sem graça
Saudade, apenas confrontante ou reinante
Apenas causadora ou proprietária
Quase nunca atenuante ou apenas torturante
Nem sempre destinatária ou apenas originária
Saudade bate, aperta, torce
Dói, faz lembrar, sufoca vicia
Faz rir sozinho, assusta, assanha, contagia
Chega de mansinho, transforma o carinho, faz o pensamento voar
Saudade de quem nunca esqueci
Saudade daquilo que pouco vivi
Saudade daquilo que não mais senti
Saudade maior, aquela de quem jamais vi.”
CIRANDA (01/03/11)
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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