Por Renata Poskus Vaz
Sempre depois de uma edição de Fashion Weekend Plus Size eu adoeço. Mas não é um pouquinho não, adoeço de capotar. Isso acontece há muito anos.
Nos meses que antecedem o evento, durmo apenas cerca de 4 ou 5 horas por noite. Clientes, parceiros e fornecedores sabem que trabalho em casa, então não é incomum eu receber ligações de madrugada. Acordo também com o telefone tocando, às vezes 7h ou 7h30. Se desligo o telefone fixo, o celular dispara. Se desligo o celular, amanheço com a caixa de e-mails cheia, com muitos perguntando do meu sumiço. Sim, sumiço de 5 horas, o equivalente a uma meia madrugada de sono. Dá vontade de pedir desculpas por precisar dormir.
É por essas e outras que sócios já vieram e foram embora. É difícil suportar essa rotina. É preciso muita dedicação e força de vontade.
Para ter uma ideia, nesses meses não tomo banho direito. É praticamente um cara-cu-pé. Não existe essa de ficar relaxando sob o cair de água quentinha. Lixar o pé? Depilar a pepeca? Nem pensar. Não há tempo. Alimento-me muito mal, só como na rua e ganho muitos quilos extras. Vou me segurando, porque olho lá na frente um objetivo: a realização de um grandioso evento, que não somente é importante para mim, mas para uma legião de gordas, lojistas e fabricantes.
Aí o FWPS acontece. Cada vez maior, cada vez melhor. No outro dia eu caio. Desabo sobre o colchão. Meu corpo pede socorro. Uma gripe avassaladora toma conta de mim. Nariz entope, garganta arranha, fecha, pulmão se enche de tudo o que há de pior, o ar não entra, a asma chega, a febre invade e domina… É um esgotamento físico, mental e espiritual. Entrego-me. Fico vulnerável. Mas ainda assim não tenho o direito de ficar exausta. Se tiver que morrer, precisarei passar um memorando para umas 100 pessoas. Pedir autorização. Pedir desculpas de antemão por ter sido enviada ao além.
Gente, o mulherão aqui tem vida, tem sangue correndo nas veias, adoece, enfraquece, precisa de um tempo para se recuperar. É por isso que agora estou um pouco ausente do Blog Mulherão. Tenho que ficar deitada, de calça de moletom, tomando chocolate quente e vendo filme no netflix, enquanto espero o cataflan, o tylenol sinus e todo o outro coquetel anti-gripal fazer efeito. É o meu momento. Amo Jesus, mas preciso parar ou vou encontrá-lo mais cedo do que eu gostaria.
Obrigada a todos os que me apoiam. Aos que me compreendem, que aguentam esperar um pouquinho por minha volta à rotina. Depois, tudo sempre volta ao normal. Tudo sempre vale a pena. Eu amo o que faço. Amo vocês. E sei que vão compreender. ♥
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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