Por Eduardo Soares
Costumo dizer que de três anos para cá a safra de cabelos brancos existentes no meu cavanhaque está de vento em polpa. Para os mais otimistas a resposta beira uma simplicidade quase infantil: é questão de genética, vai ser seus pais tiveram cabelos brancos precocemente. Sinto decepcioná-los mas meu coroa, por exemplo, começou a pintar o cabelo (escondido, é claro) aos setenta anos de idade. Antes disso, nunca vi um fiapo grisalho sequer na cabeça dele. Se com menos da metade dos setenta eu já tenho dezenas desses “convidados” é sinal que algo não anda muito bem. Posso resumir/nomear o motivo do meu envelhecimento trintão da seguinte forma: aporrinhações.
Vontade de pulverizar tudo e todos que estão ao redor. Ando sem saco até para fazer a barba. Parei de ouvir minhas músicas favoritas. Assistir DVD´s virou raridade. Fim de semana passado me arrastei pra sair de casa, tamanho cansaço. Fato: minha paciência anda pelas tampas. Difícil dar uma de Jó quando as coisas não andam como gostaríamos. E particularmente não peço muita coisa, pelo contrário. Mas quando vejo que questões simples transformam-se em furacões por causa de bobeiras não resolvidas, perco a calmaria de vez. Uns dizem que é a idade, outros enfocam escassez de descanso enquanto os mais sacanas falam em falta de sexo.
Fico pensando num questionamento paradoxal que sempre esteve (e estará) presente na vida de qualquer mortal: quando pequenos, queremos crescer o quanto antes. Quando crescemos, sentimos saudades dos tempos de criança. Admiro os adultos que guardam o lado molecote de ser. Essa gente transmite felicidade sem perceber. Fora isso, vivem muitíssimo bem.
Hoje o texto está curto, assim como a paciência. Mas sugiro que vocês troquem essa “roupagem pesada” de vez em quando. Sai a pele adulta (junto com a carga de estresse) paraentrada do coração infantil, praticamente imune a irritabilidades do mundo moderno. Brincar de travesseiro com alguém em especial? Vale! Lambuzar o rosto do outro enquanto preparam algum “bate-e-entope” na cozinha? Yeah! Pular no colo no meio da rua como se fosse a primeira vez? Que beleza! Só tome cuidado caso esteja de vestido. Pensando bem, nesse caso o melhor é sentar no colo mesmo. E comportadamente (pero no mucho).
Não estou dizendo para agirmos de forma imatura. Tampouco estou fazendo apologia a irresponsabilidade. Sugiro apenas (para não ficarmos loucos) uma mudança sutil em certos atos.
Cabelos brancos são inevitáveis. Mas antes de pintá-los, vamos pintar (sem esculhambações ou sacanagens), o sete por aí. Vai que essa seja a melhor tintura de todas ou a fonte da juventude ideal?
Enquanto isso, respiro fundo para não pirar de vez.
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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