De um pé na bunda para o amor da minha vida
Por Preta Zaros
Enquanto ‘fuçava’ no Facebook dei de cara com um gringo de bigode na foto de perfil. “MANO, QUE GATO ESSE HOMEM DE BIGODE!”, pensei. Mas não adicionei. Ao contrário. Salvei nos favoritos do computador esperando pelo dia que eu tivesse coragem.
Tive medo de adcioná-lo e ele iria vir falar comigo. Ele era tão gatinho, e Deus me livre passar vergonha tendo de responder em inglês!
O tempo passou. EU, APAIXONADÍSSIMA… mas por um outro cara. Vamos chamá-lo de “Vitão”. As coisas estavam ótimas com o Vitão, e tudo era recíproco (até porque ele nunca havia me dado motivos para achar o contrário). Mas cagada que sou, do nada, durante uma conversa em que eu tinha certeza que antecederia um pedido de namoro, veio a bomba:
– Acho que a gente está indo rápido demais. Vamos dar uma parada. Devíamos ver outras pessoas, disse Vitão. HAHAHA eu dou risada até hoje.
Não questionei. Concordei. Chorei a noite toda, mas nem tentei fazer o Vitão mudar de ideia. No dia seguinte, pra levantar a moral, as amigas me levaram para minha balada favorita. Dancei a noite toda. Bebi tudo o que me deram. Gastei o restante do cartão de crédito pra pagar a comanda milionária.
Cheguei em casa, liguei a TV na Nickelodeon e pensei: “eita, e aquele bigodinho lá, hein?”. Adicionei-o. Fui dormir. Acordei com ele piscando no Messenger do meu celular. Conversamos por mais de 12 horas seguidas.
Descobri que tanto eu quanto ele tínhamos levado um pé na bunda naquela mesma semana nos uniu. É, gente, pé na bunda une!
No fim de semana seguinte eu viajei de Rio Claro pra São Carlos (onde o Vitão morava) com a intenção de me resolver com ele. Cheguei na casa das amigas onde eu normalmente me hospedava, tomei meu banho e me arrumei maravilhosa. Liguei o Skype pra dar um ‘oi’ pro Jacó… e acabei nem saindo de casa. Esqueci do Vitão.
NUNCA FIQUEI UM DIA SEM FALAR COM O JACÓ! Nem durante os dias que ele teve de cruzar o país dirigindo da Florida até Seattle. Email, Messenger, WhatsApp, Skype…
No começo foi amizade. Ele virou meu melhor amigo já na primeira semana. Mas quando percebi que estava começando a gostar dele eu já sabia que as coisas iriam acontecer e que ele iria ser meu. EU TIVE A CERTEZA. Foi bem estranho. Costumo dizer que se ele não tivesse sentido o mesmo desde o início, ele teria, muito provavelmente, me achado a menina mais assustadora do mundo. Do tipo que precisa de ordem de restrição e tudo.
“Dessa vez vou fazer diferente. Não vou esconder meus sentimentos não!”, pensei. E não escondi. Quando eu comecei a gostar dele eu já deixei ele sabendo. E ele disse que estava se apaixonando também.
O primeiro ‘eu te amo’ veio dele. Não que eu já não soubesse. Já tínhamos conversado até sobre filhos.
Mas as coisas não foram fáceis. Foi tudo bem difícil, pra falar a verdade. Após três meses de relacionamento à distância, concordamos que eu iria para os Estados Unidos, ficaria três meses, e voltaríamos juntos pro Brasil para dar entrada no visto de noiva (visto K1).
Tirei meu passaporte. Tentei o visto de turismo, que foi negado, e até hoje não sei o por quê. Tivemos de repensar todos os planos.
Conseguimos nos encontrar da véspera de Natal, depois de um ano e oito meses de ansiedade e espera. Na época fiquei sabendo que amigos meus haviam até feito uma aposta, valendo dinheiro, de que ele só estava me enrolando e que não viria.
Fui buscá-lo ele em Guarulhos. Levei meus pais comigo. Foi um circo!
Meu pai perdeu a entrada do aeroporto, minha mãe quase chorando porque estávamos há mais de meia hora atrasados e ela tinha medo dele achar que não iriamos mais buscá-lo (olha as ideias! HAHA). Eu eu, calmíssima. O mais calma que já estive em toda minha vida.
Nos beijamos na área de fumantes em frente aos taxistas. Voltamos juntos no banco de trás do carro nos segurando pra não nos agarrarmos na frente dos meus pais. Compramos coxinhas pra ele no primeiro Graal que vimos. Ele comeu tudo, até a minha.
Passamos Natal, Ano Novo, o aniversário dele e o Carnaval juntos. Não viajamos pelo Brasil. Não saímos muito. Passamos quase os três meses todos na cama assistindo desenho e vídeos no YouTube. FOI MARAVILHOSO!
Ele voltou para os Estados Unidos em Março. Em Abril, durante uma das nossas conversas de horas e horas no Skype ele me pediu em casamento. ‘Quer casar comigo?’, em português. Antes mesmo que eu pudesse responder, a minha mãe, que estava na sala, já estava berrando pro resto da casa. Eram 2 horas da manhã.
Por mais que eu soubesse que iriamos nos casar (já que esse foi o plano que fizemos enquanto ele estava no Brasil), o pedido, naquela hora, foi uma surpresa.
Quando ele foi embora combinamos que eu tentaria o visto de novo, mas em Maio ele estava de volta. Marcamos uma reunião com uma advogada de imigração e decidimos que o melhor seria nos casarmos no Brasil e entrar com o processo de ajustamento de status (CR1) ao invés do visto de noiva.
Estávamos felizes e confiantes, MAS TUDO O QUE TINHA PRA DAR ERRADO DEU.
O Jacó (o nome dele é Jake, mas em casa todo mundo acabou se acostumando com Jacó) nasceu na Espanha. O pai era militar em uma base americana por lá, então a certidão de nascimento dele é confusa para quem não entende dessas coisas. E adivinhem só, O CARTÓRIO DA MINHA CIDADE NÃO SABIA O QUE FAZER!
Foi uma zona! Era pra ele ter ficado cinco dias, e acabou ficando cinco meses. (Não que eu tenha reclamado. Foi muito melhor ter ele por perto enquanto resolvíamos isso!)
Toda vez que resolvíamos o que o cartório nos pedia, eles apareciam com outro empecilho. Traduções, papelada autentificada, até certidão de óbito do pai dele (?). E como tragédia pouca é bobagem, até entrar em contato com a ex-mulher dele pra resolver papelada do divórcio dos dois, tivemos.
Depois de tudo feito, descobrimos que não era necessário nem metade do que eles pediram pra gente. Acho que até hoje eles tremem quando a minha advogada passa por lá.
Nos casamos em Agosto de 2015. No mesmo dia do aniversário de casamento dos meus pais, e aniversário do meu avô. Foi só no cartório. Não tivemos cerimônia ou festa.
Jacó voltou pros EUA umas semanas depois de nos casarmos, e passamos nosso primeiro aniversário de casamento separados.
Ele voltou pro Brasil novamente, por alguns meses, pensando que eu conseguiria voltar com ele a tempo. Trouxe até o irmão dele. Mas como vocês sabem, SOU CAGADA E TUDO QUE ERA PRA ACONTECER COM A GENTE ACONTECEU.
O processo do visto tomou todo o tempo do mundo. O que era pra sair em um tempo máximo de seis meses, levou MAIS DE UM ANO!
Quando a data para a entrevista no Consulado saiu, nós dois já estávamos quebrados financeiramente. Ele não tinha como voltar para o Brasil e tivemos de pegar dinheiro com o meu pai para que eu pudesse ir pro Rio de Janeiro (o Consulado fica lá).
Morri de medo por semanas, para chegar lá e o oficial consular só perguntar meu nome, e se eu sabia com o que o Jake trabalhava. SIM, ANOS SOFRENDO PRA RESPONDER DUAS PERGUNTAS.
Depois de muita luta, choro e crise de ansiedade, consegui me mudar pra Washington em Julho de 2017. Como resultado de tanta espera ‘fizemos’ o Ben só cinco meses depois. Alguma coisa tinha de ser rapidinho, né. ?! HAHAHAHA
Paulistana, criadora do Blog Mulherão. Jornalista, escritora, cronista, consultora de moda, modelo plus size, empresária, assessora para assuntos aleatórios, mulher com “m” maiúsculo, viciada em temas pertinentes ao universo feminino. Há um bom tempo gorda. Quase sem neuras. Eu disse quase, não se iludam!
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